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Seca e infestação de lagartas leva Presidente Kennedy a decretar Situação de Emergência

31/12/1969

 

                     

Depois de serem castigados pela seca atípica do início deste ano, os produtores de Presidente Kennedy sofrem agora com uma infestação de lagartas. A praga já devastou mais de 70% das áreas de pastagens do município, causando desespero em muitos pecuaristas. Tanto gado de corte quanto o leiteiro sofrem com a escassez de alimento há meses. Somado os dois fatores, a queda registrada na produção de leite – de janeiro até agora – é de cerca de 950 mil litros (um prejuízo de quase um milhão de reais). Para evitar que rebanhos inteiros morram de fome, a Prefeitura Municipal decretou Situação de Emergência.

 

A ausência de chuvas por um período de quase 90 dias favoreceu a grande incidência de dois tipos de lagartas: Mocis Latipes (mais conhecida como curuquerê-dos-capinzais) e Spodoptera Frugiperda (a lagarta militar). Em geral, esta praga ataca somente os pastos e milharais. Sem os inimigos naturais – sendo o maior deles as águas pluviais – os ovos se desenvolveram e eclodiram quando o pasto ainda iniciava um processo de recuperação da seca – que foi uma das piores registradas nas últimas duas décadas no município –, cenário ainda mais favorável para o seu rápido desenvolvimento e proliferação.

 

Pastos de comunidades inteiras foram atacados e muitos produtores, como o seu Ronildo Viana Peçanha, se viram sem alternativa. “Eu estava preparado para a seca que ia chegar agora no meio do ano. Fiz piquete e silagem, mas usei todo o meu estoque de alimentos antes do tempo. Quando chegou a lagarta eu já não tinha mais nada para alimentar o meu rebanho. Tive que vender algumas vacas a preço baixo e emprestar outras. Das 130 que eu tinha no meu pasto, mantenho apenas 38, e com muita dificuldade”, contou.

 

Pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) estão estudando a situação do município e, segundo o pesquisador Davi Martins, a situação é preocupante. “Essa praga de agora chegou agora ao fim do seu ciclo, na fase de pupa, mas pode vir numa próxima geração ainda mais forte para acabar com aquilo que sobrou. O período frio, seco e de poucas chuvas, que se aproxima, será favorável à praga e dificultará a recuperação do capim, o que é motivo de apreensão”, explicou.

 

De acordo com o secretário de Agricultura, Josélio Altoé, pelo menos 35 mil hectares de pasto foram afetados. “Há veneno para combater essa praga, mas não poderemos usar, pois se trata de uma área muito extensa, com rios e áreas de proteção permanente. Os danos ambientais podem ser muito maiores. Por isso decretamos Situação de Emergência para realizar uma compra emergencial de cana para distribuir para os pecuaristas. Não temos nenhuma alternativa”, disse.