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Comunidades Quilombolas mantém viva tradição e cultura negra em Presidente Kennedy

31/12/1969

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Responsáveis por manter viva a cultura e a tradição das comunidades rurais formadas por descendentes de africanos escravizados, as comunidades quilombolas de Presidente Kennedy, localizadas em Cacimbinha e Boa Esperança, interior do município, abrigam cerca de 500 famílias. Neste dia 13 de maio, em que se comemora a abolição na escravatura no Brasil, os representantes desta cultura ressaltam que a luta por igualdade do negro no país ainda está longe de chegar ao fim.

Foi em 2005 que as comunidades tiveram o território reconhecido e certificado, porém os relatos mostram que os quilombolas chegaram no município há muito tempo. Embora não haja registro documentado, as histórias de moradores trazem uma oralidade forte. A mais aceita indica que os quilombolas que vivem em Presidente Kennedy são remanescentes de negros que na condição de escravos lutaram e fugiram do estado do Rio de Janeiro, provavelmente dos engenhos de cana-de-açúcar da cidade de Campos de Goytacazes, na época da Fazenda Muribeca, lugar onde foi fundado o município e hoje conhecido no Brasil pelo seu histórico Santuário das Neves.

Através de projetos, as comunidades conseguiram verbas para melhoria da alimentação escolar, desenvolveram um Projeto Cooperativa Agrícola Familiar Quilombo de Batalha (Cooquiba), criaram a Associação de Moradores Quilombola e também a Lei Municipal que torna o dia 20 de Novembro o Dia da Consciência Negra no Município de Presidente Kennedy,  além dos benefícios de infraestrutura adquiridos, como calçamento nas ruas da comunidade, melhoria nas redes elétricas e rede de abastecimento de água, internet gratuita, posto de saúde  e melhoria e aumento do transporte coletivo e escolar na Comunidade. Tudo isso trouxe mais apoio e incentivo nas suas manifestações culturais das comunidades.

Segundo Leonardo dos Santos, um dos líderes das comunidades, essa luta por reconhecimento trouxe avanços para as comunidades de Cacimbinha e Boa Esperança. “Há 20 anos, ter água encanada para população quilombola, energia elétrica ou transporte dentro das comunidades parecia uma utopia, o que hoje já é uma realidade”, afirmou Leonardo. Além disso, há expectativas positivas com novas oportunidades de empregos. "Hoje os quilombolas ocupam lugares de destaques dentro do Município como professores, assessores, encarregados entre outros. A comunidade caminha em passos seguros. Nos próximos meses iremos retomar projetos parados e conquistar coisas novas”, disse Leonardo.

Apesar de todas as conquistas, as comunidades ainda hoje lutam por reconhecimento. De acordo com Leonardo dos Santos, um dos líderes das comunidades, afirma que não há motivos para comemorar. “A Comunidade não realiza eventos no dia 13 de maio, por entender não haver motivos para festejar. Gosto de usar uma frase Edson França (presidente da União de Negros pela Igualdade - Unegro) para explicar: ‘Trata-se de uma abolição inconclusa e inacabada. Somente para inglês ver. Para nós o que vale é o 20 de Novembro, dia nacional de denúncia do racismo. Exigimos que o Estado brasileiro dê continuidade ao processo de abolição que ainda não foi encerrado’”, lamenta.